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Mostrando postagens de junho 19, 2009

Os peixes não vimos nada

O avião caiu, avisem os animais de estimação. Informe todos os gatos e cachorros e peixinhos dourados que os corpos sumiram no mar, todos encantados. Que alguns deles, antes mesmo da explosão definitiva, viraram catavento. Avisem os pardais, os esquilos, os gafanhotos: os vizinhos da esquerda e da direita talvez nem voltem até o fim do dia. Talvez mesmo não voltem até o fim da vida. Mas, se tudo der certo, a ceia de Natal será servida antes do horário previsto.

Da presença e da usência dos corpos de teste

Conheço muita gente desolada. Muita mesmo. Não sei o que está acontecendo, mas relacionamentos que pareciam sólidos agora se desfazem como castelos de cartas, como bundas feitas de areia de praia subitamente tocadas por ondas tórridas. De repente, uma epidemia de separações, tão intempestiva quanto um furacão enluvado ou um golpista do setor financeiro, resolveu tornar as nossas vidas um pouco mais triste. Ou alegre, dá no mesmo. Apenas digam: há no ar algum sentimento desfavorável à permanência, à fixidez dos casais? Que categorias importam no processo de solidificação de uma união? Mais: por que, na era da fluidez, as relações não se tornam o último bastião da seguridade emocional, mas, ao contrário, se convertem elas mesmas num pastoso reino de gasosos encontros e desencontros? Ninguém sabe. Até agora, ninguém sabe.