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Mostrando postagens de maio 6, 2013

O mito da Iracema escapista

Segundo post script Está na hora de deixar um pouco de lado o mito da Iracema escapista, a índia cujo projeto de vida é embarcar na primeira jangada que a maré trouxer ou no primeiro navio que aportar no cais, deixando para trás a aldeia, a geografia e o mocororó. Dane-se a aldeia.  A Iracema escapista fazia sentido há vinte ou trinta anos, mas hoje? Embora tudo aponte para o contrário, o mito da índia romântica que espera o socorro vindo das águas é contraproducente. Qualquer que seja o ponto de vista, a índia de pele curtida e raízes aéreas é um beco sem saída. No cinema, na literatura, na pintura, na música, Iracema precisa é de ficar, dar um chega pra lá definitivo no salvador da pátria caucasiano, na boia atirada pelo marinheiro com gravata borboleta, na esperança de vida-lazer nas terras além-fortim. Nem refugiar-se, nem guardar. Nem desenraizada, nem mantenedora da fortuna cultural do aldeamento. Não há nada pra guardar, tampouco pra jogar no mato. Tão n

PS

Post script Entendo a simbologia da família – pai e filha – desgarrada, como escreveu o José Geraldo Couto no Blog do IMS . Estão ali, no banheiro da orla, três pessoas à deriva, procurando atar-se ao mundo de maneiras diferentes. A conclusão de Violeta é clara: esse embaraço não é exceção, é regra.   Em princípio, uma maravilha; na prática, a garotinha não é tão carismática, a conversa entre Violeta e o pai da criança é desimportante e o trechinho de Olhos nos olhos cantado no aeroporto só realça a distância entre filme e música.

O abismo é logo ali

Se alguns filmes se desenvolvem num crescendo, isto é, movimentam-se tendo como princípio a ideia de que cada pedacinho de cena deixado para trás contribuirá no final para uma sensação única de gozo ou de algum outro tipo de deleite menos retumbante, outros percorrem o caminho contrário. Partem do clímax para o anticlímax, da velocidade 5 para a velocidade 0. E, ao terminarem, c ausam uma sensação que beira a frustração . Não sei se esse é exatamente o caso de O abismo prateado , exibido em Fortaleza num esquema alternativo no último fim de semana. Se não é totalmente, é em termos.  O filme cumpre esse pequeno roteiro. Promete bastante, mas entrega pouco ao final, deixando o espectador com o sentimento de que faltou algo, uma cena, uma fala, um diálogo, uma emoção. A personagem deveria ter agido de outra maneira etc. Aquilo não podia ser tudo, o diretor estava escondendo uma parte da história, exatamente aquela que iria nos embevecer e nos fazer sair da sala com a expressã