Segundo post script Está na hora de deixar um pouco de lado o mito da Iracema escapista, a índia cujo projeto de vida é embarcar na primeira jangada que a maré trouxer ou no primeiro navio que aportar no cais, deixando para trás a aldeia, a geografia e o mocororó. Dane-se a aldeia. A Iracema escapista fazia sentido há vinte ou trinta anos, mas hoje? Embora tudo aponte para o contrário, o mito da índia romântica que espera o socorro vindo das águas é contraproducente. Qualquer que seja o ponto de vista, a índia de pele curtida e raízes aéreas é um beco sem saída. No cinema, na literatura, na pintura, na música, Iracema precisa é de ficar, dar um chega pra lá definitivo no salvador da pátria caucasiano, na boia atirada pelo marinheiro com gravata borboleta, na esperança de vida-lazer nas terras além-fortim. Nem refugiar-se, nem guardar. Nem desenraizada, nem mantenedora da fortuna cultural do aldeamento. Não há nada pra guardar, tampouco pra jogar no mato. Tão n
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)