Quatorze horas depois do show do Paul, como já se tornou cansativo e repetitivo falar da estrutura que não teria funcionado – mentira, funcionou - e da falta de educação do cearense – o viralatismo local é talvez um dos maiores do Brasil -, o que ainda resta? Engarrafamentos? As retroescavadeiras mudas atoladas nas vias ainda não pavimentadas testemunhando nossa maioridade cultural após a entrada no mundo dos grandes shows e, ainda por cima, com um ex-beatle? A falta de táxis e linhas de ônibus que pudessem atender a demanda? Os banhos de cerveja? Os ricos que desfilavam nas áreas nobres da arena sem saber de fato cantar uma única canção dos garotos de Liverpool? Afinal, o que foi mais grave, o som baixo no começo do show ou a turma que insistia em furar as filas na entrada? Nossa deseducação atávica ou o abusivo preço da cerveja? A falta de sinalização em parte das escadas ou os fumantes que não respeitavam ninguém (eu entre eles)? O mais grave não foi nada disso.
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)