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Mostrando postagens de outubro 1, 2017

Fuga

Há um mês fiz como Dante e mergulhei no inferno de onde não saí rumo ao paraíso pelas mãos de nenhuma Beatriz. Fui e voltei por minha conta, mas o fato é que gostei do inferno. É o que se pode chamar de lugar bacana. Sua circularidade, suas almas eternamente condenadas, as figuras de proa da cultura atiradas mais por vaidade e crimes de menor potencial danoso que por qualquer outra coisa, o aspecto geométrico, as animadas conversações, os grupos, sua geografia montanhosa, os lagos, os barqueiros, as almas diariamente mergulhadas em agonia. Por tudo isso acreditei que o inferno é uma festa, as mentes mais brilhantes estão lá, seus dias não se parecem, ao contrário do paraíso, um festival de carolices retroalimentando-se continuamente, umas horas que se passam como gato preguiçoso estirando-se no parapeito da janela, uns domingos assim sem gosto, uns sábados em celebrações harmoniosas no curso dos quais o único sobressalto é descobrir que horas as crianças poderão dormir. A