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Mostrando postagens de dezembro 26, 2023

Eterno presente

  No filme da vez, que é uma espécie de programa natalino da Netflix, a suspensão do presente se dá com a interrupção do desfecho da série predileta. Sem conexão de internet, o tempo se coagula, e a personagem da trama se vê desamparada, impedida de consumir o ato derradeiro da história ficcional celebrando laços entre amigos irreais. Os pais, um casal moderadamente progressista, se deslocam em conforto no espaço (da cidade para o subúrbio) para experimentar essa pausa na rotina. Um éden provisório, de lazer, descanso e contato com uma experiência viva sob demanda, estudadamente rústica, como esses chalés de luxo no litoral cearense que prometem elos com o mundo natural sem sair dos muros que cercam o empreendimento. Tudo é largo e estreito, perfeito e falho, bonito e feio. Até que a falta de acesso instaura uma janela caótica. A fratura da comunicação é apenas indiciária do colapso por vir, que já está em toda parte, rizomático, nos signos mais elementares: animais comportando-se es