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Mostrando postagens de agosto 1, 2020

Starnone e Ferrante: o duplo romance

É possível haver coincidência no fato de que dois autores comumente associados lancem ao mesmo tempo romances que não apenas se tangenciem, mas se complementem? É o caso de Domenico Starnone, com “Segredos” (Todavia), e Elena Ferrante, com “A vida mentirosa dos adultos” (Intrínseca), ambos publicados no Brasil quase simultaneamente. Se Ferrante reelabora temas que lhe são caros, como a família, a subalternidade, a violência e as máscaras sociais, Starnone também revisita o universo que se abre na sua prosa: as relações familiares e suas tensões, ora recalcadas, ora explicitadas nos conflitos domésticos. Em “Segredos”, o escritor apresenta Pietro, um professor cuja vida se constrói meticulosamente, tal como um projeto que se desenrola por cálculo. Assombra-o, no entanto, um segredo, dividido muito tempo atrás com uma mulher: Teresa. Não se trata de qualquer pecadilho, mas de um terrível segredo capaz de fazer ruir sua carreira como escritor e pensador reconhecido nos círculos da intelec