Para todos os efeitos, o ano termina no próximo domingo, dia 30 de outubro. Termina porque depois dele não se sabe o que será. Quer dizer, a gente até tenta adivinhar, inventa um porvir, mas saber mesmo, não sabemos. Digo que termina, mas não sei se termina. Suspeito que sim, mas a dúvida de que não permanece. E assim vamos até domingo, num compasso de espera, mas espera do quê? Será que dá? O ano termina porque é como se os últimos três antes dele convergissem para esse momento. Termina porque depois será outra coisa, e é essa outra coisa que se mantém no horizonte, suspensa, sem forma, sem rosto ainda, apenas a evocação de algo melhor. Mas termina? Penso em tudo, na pandemia e nos meses seguidos em casa. Depois na volta pro trabalho, nas aulas, nas ruas novamente repletas de gente, nas praças e na praia que não frequento mais há muito tempo. O que será de tudo depois de domingo? Não consigo supor que as coisas simplesmente se organizem como se nada tivesse acontecido. Algo há de ac
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)