Para todos os efeitos, o ano termina no próximo domingo, dia 30 de outubro. Termina porque depois dele não se sabe o que será. Quer dizer, a gente até tenta adivinhar, inventa um porvir, mas saber mesmo, não sabemos.
Digo que termina, mas não sei se termina. Suspeito que sim, mas a dúvida de que não permanece. E assim vamos até domingo, num compasso de espera, mas espera do quê? Será que dá?
O ano termina porque é como se os últimos três antes dele convergissem para esse momento. Termina porque depois será outra coisa, e é essa outra coisa que se mantém no horizonte, suspensa, sem forma, sem rosto ainda, apenas a evocação de algo melhor.
Mas termina?
Penso em tudo, na pandemia e nos meses seguidos em casa. Depois na volta pro trabalho, nas aulas, nas ruas novamente repletas de gente, nas praças e na praia que não frequento mais há muito tempo.
O que será de tudo depois de domingo?
Não consigo supor que as coisas simplesmente se organizem como se nada tivesse acontecido. Algo há de acontecer quando tudo finalmente acabar.
Às vezes os anos acabam antes da hora, às vezes depois. Existem os anos que duram mais do que os 365 dias habituais, e nem falo dos bissextos, que somam 366.
E há os que encerram antes do tempo, que deixam um alívio quando finalmente se despedem e vão embora.
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