Maloca é palavra dúplice, tríplice talvez, que designa habitação indígena ou cabana de simplicidade visível e mambembe dentro da qual se reúnem membros da mesma tribo, confinados ali de bom grado ou porque foram “aldeados”, postos no ajuntamento por um outro, um alheio. Daí vem, por exemplo, o nome do bairro, Aldeota, e apenas isso já diz bastante. De maloca deriva também “malocar”, que quer dizer esconder, fazer passar por oculto e desapercebido. Os dois sentidos se cruzam em algum momento – a maloca é eventualmente esse espaço onde é malocada uma palavra ou um objeto, seja por que razão for. Maloca-se o que se faz roubar da vista, o que se esconde, um desvio do olhar. Como a língua é um prazer que se desdobra infinitamente, criando significados sobre significados, esse processo de composição de palavras nunca tem fim, e por isso falamos em “maloqueiro”, aquele que maloca. Não necessariamente o assaltante, o contraventor ou pirangueiro. Não. O maloqueiro está um degrau aci
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)