Finalmente consegui acessar a salvaguarda de todo o lastro intelectual capaz de ser comprimido no pedacinho de cartolina mais importante já inventado pelos códigos de civilidade humana: o diploma. Não o próprio, mas uma declaração que servirá como passaporte interino enquanto o cozimento do oficial não fica pronto nas fornalhas do conhecimento acadêmico. Foi tudo simples. Assinei um papel pouco antes do início da cerimônia, recebi instruções genéricas de uma funcionária da universidade, fui avisado de que não poderia ter dívidas com a biblioteca e que os documentos necessários ao pedido de entrada eram aqueles mencionados no folheto amarelo anexado à declaração. Feito isso, espere 45 dias. A chancela não ficará pronta antes. Então, a funcionária me dispensou com um sorriso. Tentei adivinhar o que ela havia comido no café da manhã, se tinha filhos, se perdera alguém importante na vida, qual a sua posição mais confortável na hora de dormir, se gostava de jogos de car