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Mostrando postagens de junho 22, 2021

A língua da CPI

  Uma CPI se constitui sobretudo de linguagem verbal, ou seja, de um conjunto não muito amplo de termos que os senadores e senadoras repetem incansavelmente durante as mais de sete horas de depoimentos, com pausa breve para almoço ou ir ao banheiro. Tome-se o vocábulo “declinar”, por exemplo, usado e abusado pelos nobres congressistas, com destaque para declinações e emprego do verbo num sentido particular. Grosso modo, recorrem à palavra a fim de informar, de modo que vossa excelência estaria sempre declinando nomes ou verdades secretas, segredos de alcova, revelações capazes de mudar o curso da história ou, até mais frequentemente, questiúnculas que não estariam em princípio de acordo com o espírito de uma investigação parlamentar. No mais das vezes, contudo, declinar é apenas um jeito mais empolado que o senador arranja de pedir ao depoente que lhe conte uma fofoca, e nisso a CPI tem sido pródiga. Sim, a boa e velha fofoca, que edifica a alma da nação e salva o Brasil fazendo-nos