O amigo envia uma mensagem falando de BBB e dos gatilhos do programa, esses mecanismos que acionam o pior, fazem reviver situações constrangedoras, dolorosas, reabrem feridas e provocam a emersão de conteúdos já recalcados de alguma maneira, coisas que talvez preferíssemos esquecer. “Tô falando como homem branco, cis, hetero”, ele enfatiza, ecoando Fiuk, o avatar do homem cis, branco, hetero & desconstruído, um conjunto de predicados que, sabemos todos, quase sempre dá em coisa ruim, sobretudo quando agenciam (posso, Lumena?) categorias a fim de se fazer passar por bom moço. O amigo não pergunta nada, apenas diz “e o BBB?”, na pergunta em si embutindo um sentido de reflexão que dispensa aprofundamento, porque hoje em dia qualquer referência ao programa já vem naturalmente carregada de uma multiciplicidade de sentidos (posso, Lumena?) conflitantes e incômodos. No fundo, é isso mesmo, o incômodo escancarado de se ver tão bem representado por figuras públicas numa corrida pelo ouro
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)