Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de novembro 26, 2019

Novembro, quase dezembro

A comunicação da felicidade é sempre uma tarefa odiosa, dispensável e até certo ponto vergonhosa. Primeiro porque o feliz é um ingênuo, alguém a quem bastam as razões mais íntimas e os alvoroços de pequenas vitórias para se satisfazer e decretar solenemente: estou feliz. Ao feliz são indiferentes as grandes tragédias, o abismo político, Bolsonaro e o esgotamento da vida. É uma condição cujo estatuto é definido, regrado, conhecido. Diz-se de alguém que é feliz, sem a necessidade de lhe perguntar por quê. Apenas é, como se a felicidade fosse atributo pessoal, uma categoria inata da qual algumas pessoas estão organicamente providas e outras não, como os cabeludos e os calvos. Desse modo, pode-se falar de indivíduos felizes e de outros desafortunadamente infelizes como se de gordos ou magros, um traço fenotípico transmitido geneticamente diante do qual nada há que fazer, apenas agradecer e celebrar o sorteio randômico da Mãe Natureza. Talvez por isso sempre tenha preferido o