Pôr do sol em Ipanema Humor do Méier ao Arpoador por MARIO SERGIO CONTI Numa conversa de fim de noite, falou-se de morte. O tom era sorumbático até que Millôr Fernandes, com mais de 80 anos, contou como desejava que fosse a sua: “Quero morrer com três tiros no peito, disparados pelo surfista que me pegou na cama com a namorada dele.” O chiste é engraçado e verdadeiro: ele queria morrer no auge, numa delinquência safa e na contramão dos bons costumes. O senso comum recomenda que octogenários fiquem em casa de bermudão, tomando sopinha, vendo o Faustão e dispensando conselhos dispensáveis às jovens gerações. Já Millôr queria se entreter – e aprender – nos braços de uma beldade em flor vinda da praia. Morrer assim seria bom. A conversa foi num restaurante na praça General Osório, perto do seu estúdio e a algumas quadras do seu apartamento. Tudo em Ipanema. Millôr não era brasileiro, sequer carioca. Era um ipanemense que sentia saudades da beira-mar já na Via Dutra, ele dizia, adaptando
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)