Fã ou “hater”? A pergunta embute de saída essa dualidade a partir da qual se organizam as relações nas redes e para além delas, ou seja, uma troca que se dá em torno de um binarismo cujos pontos cardeais são, de um lado, o apoio incondicional e, do outro, o ódio cego. Do amigo, do colega de trabalho e mesmo das relações amorosas exige-se hoje essa espécie de contrapartida afetiva que prevê um vínculo sem arestas, feito todo com base numa adesão total que não aceita dissidência nem o mais remoto traço de crítica. É-se fã de alguém, e ponto final, não havendo a possibilidade de que nessa relação haja espaço para a nuance ou sentimentos conflitantes. O conflito, por si, é negativo, contraproducente, pouco valorizado e, sob o ponto de vista da gestão dos afetos, algo a ser evitado porque desequilibra os chacras. Não é por acaso que a palavra, antes limitada para se referir a um artista ou clube de futebol, ou qualquer outra coisa diante da qual uma pessoa se toma de absoluta devoção, ago
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)