Não há qualquer notícia no mundo sobre país, além do Brasil, cuja população esteja simultaneamente polarizada em torno de querelas envolvendo uma capivara e a regulação das redes sociais, ou seja, entre uma questão ambiental e outra tecnológica, uma amazônica e outra virtual. Embora pareçam distantes, no entanto, os problemas se tocam, eu diria que até se confundem. Afinal, existe um lado para o qual o arcabouço legal há de se dobrar sempre ante o voluntarismo, de modo que não interessa se se trata de animal silvestre, tampouco o que estabelece a lei. Nos dois casos, o da capivara e o do Google, essa cosmovisão alucinada se encontra na posição de quem supõe que o liberalismo sem amarras nem freios é a melhor forma de organização social, não por acaso projetando a sombra permanente de uma ameaça censória que nunca se cumpre, ambas representadas pelo Estado – num exemplo, o Ibama; noutro, o Ministério da Justiça, encarnando o espantalho do autoritarismo. Os paladinos desse regime narcísi
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)