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Mostrando postagens de março 24, 2011

Bang Bang

SEM ÁGUA NO FIM DO TOBOÁGUA Panóptico Está sentado e finge desafetação quando na verdade é apenas mais um afetado na livraria. Tem um livro nas mãos, Gonzos e Parafusos , aquele de capa lustrosa, branca, com título em alto relevo, cuja autora passou dias enfurnada num cubo branco sendo alimentada por amigos e familiares. Sabe disso porque leu nas páginas dos cadernos de cultura. Viu Rubem Fonseca estendendo a mão num gesto falsamente caridoso. Acompanhou o debate estéril que se seguiu ao happening. Hoje, quem se lembra? Veste camisa de mangas compridas dobradas na altura do cotovelo, calça jeans e sandálias de couro. Está sentado no sofá da livraria. Fica rente à escada que leva ao pavimento de DVDs e CDs. O pavimento jamais freqüentado. Porque ele é um homem das letras, não da música, e sente orgulho de pertencer a esse universo. É algo distintivo, como a marca de Caim. Ali, enquanto sente leve incômodo sempre que alguém sobe os degraus da escada e faz o sofá trepidar, assist