Passado tanto tempo, talvez não houvesse sequer uma resposta, método prático que não resultasse em gasto excessivo de energia nem fratura dolorida, um aceno discreto, leve, que fosse possível aliviar no tempo do semáforo, que fosse possível. Procurava desatento havia meses, mencionara essa remota possibilidade em conversa reservada, esquadrinhar situações, antecipar negativas etc. Sem atropelos, tinha cumprido o roteiro do adolescente de 17 anos. Ensaiava, sobretudo. Uma vida inteira de pré-projetos, rascunhos, antessalas, tudo a meio caminho, irrealizado por parte, equidistante. Desafio, ocupação plena de ranhuras e cavidades, um preenchimento acabado, impossível, nervoso, errado, tudo virtual. E se? Que bela merda isso tudo, acusava-se frequentemente com a mesma ferocidade com que atacava desafetos, que bela merda estar a dois mil anos luz. Vejam como parece ridículo, impunha o convite a amigos, reparem atentamente em cada lance, o enredo, acompanhem toda a dramaturgia barr