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Mostrando postagens de agosto 12, 2009

Vista do um bigo

Aviso logo: tenho barriga. Fui mais magro, mas hoje tenho algum sobrepeso. Natural. Se me der na telha, entristeço – gêmeos, sim. Se der novamente, alegro. Se calhar, mudo de estado a outro em dois segundos. Tenho 29. Um dia, tive 17. Antes disso, 15. E uma primeira namorada que me ensinou a beijar. Durmo muito, mais do que posso. Gosto: caminhar no corredor escuro do condomínio. Sozinho, madrugada, silêncio. Se der vontade, fumo. Se der vontade, falo para o nada. Se der vontade, nem caminho, fico na cama. Prazer é: revista nova, beijo na orelha, poltrona de cinema. Dos sentidos, o olfato. Não gosto: fígado. Odeio: histeria. Deus sabe como odeio gente histérica. Deus sabe como a gente muda, e, daqui a vinte anos, lerei tudo isso rindo à beça.

Mito, minto, minotauro

Quando o viu ali sorrindo pensou bem alto mas mesmo assim baixo “Com esse, não”. Em seguida, andou a seu lado. Riram juntos, caminharam longamente até não haver mais postes de eletricidade a contar, até que sozinhos num canto da rua a noite somente por testemunha trocaram papéis de bombom, cartas de amor e cochichos involuntários. Eram sós. E na mesa que imaginaram posta sem pompa, como sempre, apenas suco de laranja e bolo. Então viram que passava das dez. Ela apanhou o derradeiro ônibus, ele regressou a pé, fez um trajeto danado até chegar à casa do avô. De tão cansada, ela dormiu logo. Não sonhou. Exausto, ele ficou acordado. Tinha ruas acesas em cada um dos olhos. Ambos não sabiam que as variáveis daquela equação imprevisível haviam subitamente confluído para o mesmíssimo gráfico helicoidal por obra do acaso. Porque quase nunca há indícios de que choverá ou fará bastante sol, suficiente para purgar toda a sujeira. E, por isso, passaram a acreditar firmemente, fechando os olhos com