Há dias penso naquele dicionário elaborado pelas crianças. Os verbetes fizeram sucesso na internet por dizerem as coisas de um jeito diferente do nosso, o jeito dos adultos. É uma brincadeira aparentemente simples. Um professor pediu aos meninos e meninas que definissem alguns conceitos. Igreja, paz, sexo, solidão, tempo, universo, mar, doença, escuridão, lua, mãe etc. Fui uma criança desesperadoramente tímida, do tipo que enfiava a cabeça na mochila para não falar em pé, responder a chamada ou apresentar algum trabalho na frente, encarando a turma enquanto explicava o que eram mitocôndrias e o citoplasma. Uma criança distraída e arredia pode imaginar a dificuldade, para não falar em terror, que uma atividade como essa desperta em parte da turma. Defina qualquer coisa. Pasmo geral; horror inaudito. Os adultos podem ter esquecido, mas é um desafio e tanto encontrar o nome certo para sentimentos, objetos e pessoas. Muita gente desiste na metade do caminho, e mesm
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)