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Mostrando postagens de abril 8, 2018

Domingo

Domingo, e o céu escuro como se desabando aos poucos, ameaça que nunca se concretiza. Carregado, anuncia chuva que não chega, banho que não vem, sereno que alivie o cansaço, mas não o de agora. Abro um arquivo. Dentro de um texto, um novo texto que não sei qual é. Escrevo porque preciso abismar - e digo abismo literalmente, cavar com as próprias mãos em solo rude, estragá-las nesse esforço e nisso criar outras mãos que saibam outro ofício mediante outra gramática. Estar diante do que seja agora a curva e na curva um encontro.    Exercício de paciente espera. Leio de acaso, e de acaso pesco o trecho: “Pelos campos fora/ Caminhava sempre/ Como se buscasse/ Uma presença ausente”. É Sophia de Mello. Levo horas olhando seu rosto na capa do livro, uns olhos fundos, a boca entreaberta, os cabelos curtos à altura dos ombros, um vestido bonito de quem se preparasse sempre a ir a passeio ou festa no fim da tarde. Então penso nisso. Na ideia de passeio, tarde e disposição ao encontro,