Agora é minha vez de falar: estranho mesmo, se quer saber, é voltar no tempo, como tenho voltado com tanta frequência, e reencontrar tudo que foi dito e de lá não extrair uma vírgula de sinceridade. Nada. Um farelo de sentença honesta, uma porção miúda do que pensei seria a paisagem natural. Então descubro: não há paisagem natural. Cada volta é uma viagem diferente. Comparei fotografias, medi sorrisos, esquadrinhei abraços, cruzei as mesmas ruas, avaliei declarações de teor semelhante – acredite, nada é como antes. O clichê venceu. Acabo de retornar de uma dessas viagens estranhas em que temos a opção de descer do carro e caminhar horas a fio por uma cidade exclusivamente imaginada por nós. Sabe o que encontrei? O nada. Pra onde virava, dava com a cara na parede. O pior: eu gargalhava. Gargalhava na encruzilhada. Gargalhava nas esquinas. Gargalhava nos balcões dos bares que ainda guardavam marcas de cigarros. Nessa cidade tão vazia deparei, no entanto, com algo im
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)