Dificilmente temos planos pra cada dia, a segunda e a terça, a quarta e a quinta. Planejamos o fim: sábado e domingo. E esperamos que os demais dias da semana encontrem sua dinâmica, como se dependessem mais da sorte. Entregamos a quinta ao jogo de azar. As segundas, então, padecem do mal que é o receio de todo começo, de algo que se inicia depois do clímax do fim de semana. Os dias depois do que acabou são sempre muito estéreis, é o que se costuma dizer a propósito desse intervalo de 72 horas que se estende da segunda até a quarta, quando se recobra algum ânimo e a vida parece novamente possível. Na quinta, a felicidade finalmente empina no horizonte. Na sexta somos alegres. No sábado, eufóricos. No domingo lamentamos que tudo tenha sido tão rápido. E assim voltamos a habitar uma circularidade do tempo e dos espaços. Como se marcássemos um assento na roda-gigante e o esperássamos passar sempre. Como se a felicidade dependesse de estarmos naquele lugar, naquele instante. Nu
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)