Tenho poucos minutos para escrever. Durmo mal e acordo pior ainda, pela manhã estou sempre vagando desacordado entre os cantos da casa. Vejo esse livro nas mãos, mas de fato não estou olhando para ele, estou fixando a imagem do objeto diante da retina sem que ele de alguma maneira se traduza como o que de fato é. O que de fato é me escapa a todo instante se me acho nessas situações de falta de sono, se acordo e penso um pouco e a TV na sala resiste a ligar e tenho de me manter alerta por algum motivo, como se um perigo me ameaçasse. Olho e é visível o esforço para entender que se trata de um livro de papel isso que seguro agora no banheiro. Um volume que abro ao ponto de quebrar. Está lá, eu tento ler as primeiras frases, mas novamente constato sem drama que não estou aqui, não estou suficientemente presente, ou que não tenho as ferramentas para decifrar aquele código, não pude completar a formação que me habilitaria para essa tarefa de ler e compreender essa língua na qual tentam...
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)