Imaginem olhar e enxergar não a paisagem exata ou as pessoas vestindo as cores que decidiram usar naquela manhã ou naquela tarde, mas um simulacro, uma aproximação mentirosa, algo como a distorção do que já é distorcido, o que também não é nenhuma novidade, não o verde ou o azul, mas o verde filtrado, o azul filtrado. Imaginem uns óculos com esses filtros fazendo a triagem não somente dos raios nocivos aos olhos, mas também de um espectro de cores. Imaginem esses óculos distribuídos em larga escala, imaginem as crianças agora usando esses óculos, imaginem as mães e os pais, as tias e os avós – o filtro que cada um escolher determinará também o que cada um vai enxergar. Passem agora ao futuro. Dentro de 100 anos o filtro não será mais de cores apenas, mas de camadas inteiras da realidade, pedaços da vida, zonas da cidade. Imaginem formatar uma cidade. A minha fortaleza. Customizar áreas da realidade, transformá-las conforme gostos e poder aquisitivo. O que não queremos,
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)