Começo agora um exercício. Dizem os especialistas: domingo é de longe o melhor dia para realizar pequenos consertos nas zonas habitáveis da casa. Isso sem contar a programação televisiva, tão reveladora da vida inteligente quanto o ralo do banheiro é dos costumes de um inquilino. Esse exercício, uma fisioterapia sem a parte terapêutica, tem a finalidade de recuperar os movimentos naturais do corpo, soterrados por falta de prática, preguiça e uma crença excessiva na inesgotabilidade do tempo. Sua metodologia é a de sempre: tentativa e erro. Primeiro os dedos, esses miseráveis do hábito, anões da terra média. Apontam sempre o mesmo caminho. Cavam a rocha dura como ninguém. Escória dáctila. Agora é diferente. Um de cada vez, sem tanta pressa, vão navegar no contrafluxo das horas bem gastas. Estão obrigados a mostrar outras direções. Querem sempre alcançar, prender, beliscar, perfurar e deslizar, empurrar e massagear. Não se satisfazem com pouco. Às escondidas, ruminam p
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)