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Mostrando postagens de dezembro 17, 2017

Fragmentos

1. A conversa, o rosto contra os azulejos portugueses. Uma tarde funda na memória outra realidade, a realidade cede facilmente, e então o que vemos é sempre esse borrão de sonhos despedaçados.  A lembrança de que chorara. Sim, havia sido choro. No meio da tarde, pessoas indo e voltando, ele parado, os olhos vidrados num tempo futuro que havia se tornado passado de repente e que novamente saltara para a frente.   Subitamente calmo, como nos piores momentos da vida. Incapaz de levantar a voz, os gestos como que coagulados no dia. Restos de si para conjurar, fragmentos, cacos de mentiras. Era todo uma violência que irrompera nos últimos meses. Todo o amor.  Não disseram nada por muito tempo. Quis acender um cigarro, precisava fumar urgentemente, mas temia que isso o distraísse. E ele não queria estar longe. Nunca mais. Apenas a distância em falso entre as duas colunas de azulejos.  2. Sentei no sofá e esperei que algo acontecesse, mas o que vi foi basicamente esse