Tinha esse casal na praia. Vários casais, mas esse era especial. Estava perto da ponte antiga. A nova parecia lotada e de fato estava cheia. A velha continuava como sempre esteve, uma estrutura prestes a desmoronar, livre, viva como um animal antigo cujo nome ninguém lembra. Era um casal adolescente. Não se beijava, permanecia abraçado olhando pro mar. Passava das cinco? Passava. Os surfistas aproveitavam as ondas, muita gente encostada na mureta esperando o sol descer para ir embora e colecionar mais um por do sol. Havia esse cheiro forte de pipoca e maresia, e o arrulho das pedras no fundo das águas rolando devagar pra lá e pra cá se misturava ao murmúrio vindo da caixa de som numa lanchonete. Uma música bonita, triste mas bonita, acho que da Roberta Miranda. O homem sentado pediu uma cerveja, depois bebeu e ficou acenando para alguém fora do quadro. Não era Roberta Miranda, era uma música em francês e eu não entendo nada de francês. Como esse
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)