Todos os dias, 120 mil pessoas se perdem no mundo inteiro. Deixam suas casas para nunca mais. Dez por cento desse total vira-se para o cônjuge e diz: Vou até a padaria. Percorre o trajeto de ida, mas não o de volta. Trinta e sete por cento recorre a expediente semelhante: Preciso comprar cigarro. E adeus. Fumam carteiras de Carlton ou Marlboro bem longe da rua onde costumavam – ou não – levar os filhos para brincar. Treze por cento abandona os seus lares na sexta-feira. Na segunda, ainda não regressaram. Motivo: como os garotos de Caverna do Dragão , esqueceram o caminho de casa. Go home ? Só em outra encarnação. Não há portais ou mestres anões capazes de indicar o palmilhado a ser percorrido da boêmia até o quarto – ao lado dos dragões e cavaleiros medievais, os anões também se perderam. Apenas 5% desse contingente realmente sofre algum tipo de violência. São capturados na porta do condomínio, caem nas mãos de vingadores, justiceiros e, na semana seguinte, têm os seus dedos ou fatias