Não entendo a obsessão atual por acelerar o tempo, torná-lo tão adiantado a ponto de perdê-lo. Seja com o áudio do Whatsatpp, o vídeo da ioga ou um podcast, a pressa é uma realidade. A pergunta é: pra que mesmo? Descarto de partida a economia. Afinal, essa fração de segundos amealhada resulta em quase nada, o ganho é tão insignificante que teria alguma valia apenas se tivéssemos de ouvir centenas de milhares de minutos de áudio por dia. Do contrário, acelerar não representa qualquer vantagem numérica, salvo estar mais rapidamente desembaraçado da obrigação de ouvi-lo até o fim. Descartada essa possibilidade, o que sobra é a atenção. Embora desatentos na maior parte do tempo ou mergulhados em atividades cuja exigência de concentração é superficial, encaramos a necessidade de acompanhar um áudio sem avançá-lo como uma tarefa maçante, uma verdadeira tortura. E não estou falando daquela propaganda horrível do Kwai que parece que nunca vai acabar ou de um depoimento de Osmar Terra. Estou
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)