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Mostrando postagens de maio 3, 2016

Intenção

E no minuto seguinte entendeu que algo acontecia para trás e para frente, esticando-se no tempo, de modo que ninguém pudesse distinguir onde começava ou terminava, apenas o fio atado a dois extremos cujas pontas foram se apagando feito desenho na calçada que a chuva varresse. Do desenho resta pouco, umas rasuras, braços e pernas, esboços e intenção. 

Ocupar

A praia está ocupada. A escola também. Mas ocupar é ainda outra coisa além de estar no lugar onde antes não havia nada ou havia essa coisa que a gente pretende deslocar para colocar no seu lugar um novo. Ocupar é mais longe, é ir diferente. Pressupõe relação, principalmente, e relação é um negócio complicado de mudar.   Posso ocupar com a mesma lógica. O ocupante muda, mas o princípio é o mesmo. Posso estar no local antes vazio e preenchê-lo com algo que, na prática, é mais do mesmo. Substituo o vazio pelo vício. Aí, nesse caso, ocupar é repetição. Posso argumentar que é revolução, mas será apenas golpe de retórica. As relações são a parte mais difícil de ocupar qualquer coisa.  Inventar outra ocupação é ocupar-se do que importa. Às vezes, estar no lugar basta para que outra relação surja. Às vezes, não. A praia é um exemplo. Posso ocupá-la com o velho ou o novo. O novo é quase sempre difícil porque precisa de tempo e atenção. Para o velho, bastam as rotas