Depois de tudo é o estranhamento, a sensação de que não pertencemos a qualquer canto e mesmo o escrito soa como se de outro, outra a voz expressa ali, colhida talvez num desses instantes em que de fato somos mais um terceiro, alguém para quem olhamos e vemos não a nós mesmos, mas um corpo alheio que tinha lá suas dores e agora cuida para que tudo cesse e passe e seja como for encontre um lugar. Um lugar pra si. Um estranho, finalmente. Leio, e assusta o tom diverso da fala, as marcas, aquela ênfase insuspeita, uma certa tristeza que hoje não combina com o estado de espírito, mas então era tudo isso e não sabia. Então era como se estivesse à prova do fogo e do vento. K move-se entre passagens, parada que está numa estação de pouso e decolagem. Ela espera. Mais que isso: faz dessa espera uma etapa, uma viagem. Também estrangeira, também deslocada, K não sabe se volta ao lugar de onde saiu ou se empreende novo mergulho no estranho mundo. Pois é ela que me mostra um tr
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)