Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro 23, 2024

Mil novecentos e não sei o quê

Diz-se que a “dronização do olhar” é um fenômeno cultural responsável pelo alargamento da visão, mas talvez seja o contrário. Nele, a capacidade de enxergar se estreita, com a vista tornando-se mais postiça porque se projeta artificiosamente para um horizonte cuja amplidão não abarca, mas satisfaz o fetiche de que a totalidade está disponível para deleite imediato. Eis um desafio e tanto para a crítica sob qualquer formato: consumar-se sem se consumir no engano. Não digo sequer estar à altura de seu tempo, mas não estar totalmente obsoleta no próprio instante de sua existência pela leviandade de depositar fé excessiva nesses dispositivos mágicos. Penso no caso da adolescente sacrificada ritualmente pelas redes, por exemplo. Tudo ali é escancarado: a perda de aderência ao concreto transmitindo-se ao vivo, a desresponsabilização, o excesso de conexão que faz fermentar a massa egoica coletiva, judicativa e plenipotente. Uma epidemia de virtude combinada a uma economia da fraude, que não p