O ódio é como uma pele de animal recém-extinto. Homem e cão andam lado a lado por muito tempo, até que se dão conta da presença um do outro. O homem para numa sombra. Não venta desde o dia anterior. O homem fala ao cão e o cão ao homem. Conversam trivialidades. Repassam a cena pela milésima vez. Numa aula na igreja da última cidade, tentou encontrar ódio. Mas só havia substitutos. Foi embora sem responder qualquer pergunta. Espero não ter causado uma má impressão. O cachorro arrebita o focinho. Lá atrás, o conselho decide formar uma comitiva cuja missão será primeiro caçar e depois extrair do homem tudo que possa saber sobre a vida de trinta anos atrás. O homem retoma o passo.
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)