Um último e dispensável parágrafo diz respeito a todos os parágrafos anteriores, ou seja, relaciona-se tanto à felicidade quanto ao modo como o tema aparece de forma esquiva logo abaixo, com indicações claras de que, ainda que estejamos falando há milênios sobre um mesmo assunto, o que fica evidente é o seguinte: o que está ao alcance de qualquer um é unicamente cavar e continuar cavando e no esforço de cavar danificar mãos e cegar as ferramentas e, a despeito disso, continuar, mesmo quando as escoras ameaçarem vergar sob o peso da areia que foi retirada do buraco e depositada um pouco acima das nossas cabeças, forçando o teto e estreitando corredores. Mesmo nessas horas, abrir buracos na terra e esperar que de lá saltem coelhos ou elefantes ou finalmente aquela criatura mágica que estamos procurando faz tempo e que certamente nos fará felizes é tudo que de fato interessa.
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)