Tratou de entender por que diabos sentia-se especial dominando aquele conjunto em tudo semelhante a outros conjuntos, e o fato é que chegou a uma resposta: era diferente não porque fosse diferente mas porque construíra aquela ideia, assim repousava em si a noção de que qualitativamente era o mesmo, exceto o conceito, que lhe garantia áurea distintiva, e nisso não havia qualquer novidade. Bobagem, pensou. O que me torna especial? Nada. Possuo um mecanismo, uma ferramenta pra ser preciso, que embora outras pessoas também possuam e não sejam de fato raras as pessoas que possuem essa ferramenta, chegando a ser bastantes numa fila de caixa de supermercado, o ato de obtê-la faz de mim alguém cujo propósito na vida pode ser visto também como o de me diferenciar segundo padrões rasteiros, comuns. Tais quais o são a posse de a) objetos e das b) sensações que esses objetos provocam. Tenho uma caneta, essa caneta risca como outra qualquer e, se existe nela um traço incomum é porque essa caneta
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)