Nessa mesma viagem do meteoro , conheci o Francisco, que pastora uma estátua dia e noite numa cidadezinha do interior do Ceará. Cuida para que não se deteriore, vende quinquilharias e orienta para as rezas. Ocupa-se inteiramente da saúde do santo, cujo nome agora não lembro, mas posso pesquisar e depois volto aqui pra contar melhorzinho, com detalhes. Pois o Francisco, que é sozinho na vida, trepou-se no oco da estátua para pintar a cabeça do santo, a escada quebrou-se e ele passou o dia inteiro suspenso, sem poder descer nem ninguém que o acudisse porque nesse dia o povo da cidade não deu trela ao sagrado e preferiu gastar o tempo com as coisas mundanas, com os pecados. Apenas no dia seguinte apareceu no terreiro uma filha do Francisco que mora por perto e o procurou aflita na casa. Sem dar por ele, foi ao quintal. Como não o achasse, olhou pra estátua e, no alto, estranhou que houvesse um ponto escuro. Era o pai. A história é contada pelo Francisco encostado numa sombra de árvore
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)