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Mostrando postagens de março 2, 2018

Um sonho

E o sonho era assim. Viajava sozinho pra uma cidade fora do país com o cartão de crédito emprestado de outra pessoa. Chegava lá, embarcava no metrô e ia a um local que agora não lembro ao certo, mas que parecia um museu. Nesse museu que não era museu, havia uma mesa, e nessa mesa os pratos estavam postos para um jantar ao qual eu tinha sido convidado por alguém desconhecido. Aparentemente, um dos outros presentes era ninguém menos que Mario Vargas Llosa, que em princípio não deu trela para a minha participação anônima naquele acontecimento festivo cujo objetivo não estava claro pra mim nem pra ninguém. Até que, lá pelas tantas, o Vargas Llosa, que estava numa cadeira de rodas, se irrita profundamente com algo que eu fiz ou disse, não sei direito, apenas que o escritor só não se pôs de pé porque enfim não podia. Exaltado, o peruano exige minha prisão a alguém próximo. Uma discussão começa, eu retruco, tento manter a calma, mas as circunstâncias – sozinho numa cidade di

Ressaca

Acordei com a lembrança vaga de um sonho que depois fui deixando de lado por causa de outra coisa. Então veio a imagem da ressaca do mar. Curioso que chamemos o fenômeno de ressaca, feito o mar bêbado ou exaurido de forças. Um mar já esgotado de tudo que resolvesse devolver à terra o que não tivesse serventia. Quando é justo o contrário. O mar precipita, o mar arrebata, o mar avoluma e deita fora, o mar invade e ocupa. O mar pleno e não depauperado.  É quando apenas olhamos de longe as ondas quebrarem. Um parapeito que se desmantela, um banco, uma placa de trânsito, as paredes de uma barraca, os tapumes da construção mal-servida de qualquer propósito. Mantida a distância segura, fotografamos o fenômeno.  A gente se avizinha do risco na esperança de que o abismo de água não olhe de volta e nos engula.   Porque não se repete dizemos que toda ordem de coisas excepcionais é fenômeno. Luas mais cheias, ventos mais fortes, mares encrespados, o solo que vaga um cent