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Mostrando postagens de dezembro 27, 2022

Sobrevivemos

Talvez soe exagerado dizer que sobrevivemos a 2022 mais do que o vivemos, de modo a acentuar essa sensação de que se chega ao fim por teimosia, por sorte, por apego à vida, por um acaso de loteria. Mas, ao cabo dos doze meses, a impressão é bem essa. Um número a menos ou a mais, um passo para o lado ou para o outro, uma curva para lá ou para cá, e está-se vivo, involuntariamente. O vivido como contingência, casualidade, uma deriva sobre a qual a gente se habitua a imaginar que tem controle, embora nunca tenha realmente. É assim que olho não só para o vinte-e-dois, mas para a última quadra, uma provação que finalmente se encerra na próxima esquina do calendário. Um tempo custoso em sua dupla acepção: custoso de passar, ou seja, demorado, e custoso porque nos custou tanto e tanta gente. Tempo sem preço, de peso asfixiante, como essas noites encompridadas pela doença de que não se acorda jamais. Eis o desfecho pelo qual tenho esperado desde muito, porque já imaginava que esse momento cheg