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Mostrando postagens de maio 17, 2013

O negócio das rotinas

Acima, Faulkner, escritor cujas manias e rotinas resumiam-se a fazer a ponta do lápis sempre às 8h45min e jamais escovar os dentes enquanto a vizinha não apagasse as luzes da casa inteira Li recentemente, “é preciso parar enquanto ainda se tem alguma coisa pra dizer”. Parar, nesse caso, significa interromper uma atividade habitual de modo que, ao retomá-la no dia seguinte ou em dois meses ou mesmo cinco anos depois, persista esse sentimento familiar de que algo ainda precisa ser feito, algo precisa ser dito, o pote não secou, há ideias boiando nesse vasilhame que chamamos carinhosamente de nossa vida, o trabalho deve continuar, crie coragem e siga em frente e natureza dará conta do restante. Nunca esgotar nada, foi como interpretei essa frase, que só agora mostra uma ambiguidade antes imperceptível. Esgotar quer dizer ir até o final, lambuzar-se, chafurdar, exaurir, enfastiar-se e todas essas expressões que designam o ato de, mediante os recursos disponíveis, torna

O dilema da Iracema sincera

A grande maioria das pessoas envolvidas com arte em Fortaleza vive da política da boa vizinhança. Do artigo da amiga Regina no O Povo de hoje. O que quer dizer “política da boa vizinhança”? É algo necessariamente ruim estabelecer com alguém que mora ao lado uma relação amistosa, regiamente desinteressada, fundada em preceitos civilizados, sem os quais damos lugar à beligerância mútua, situação essa que nem sempre rende bons frutos? Há substituto para a camaradagem doméstica que não seja a guerra fria declarada? Estou falando de um meio termo entre a franca bajulação, aquela que aspira a amealhar dividendos da mera proximidade que se desfruta de alguém, um político ou artista, por exemplo, e a postura deliberada de combate, o outro lado dessa moeda podre, comportamento que se caracteriza por agressividade desproporcional e pronto-rancor. Há um caminho intermediário? Existe – insisto na pergunta – “política da boa vizinhança” ou tudo não passa de um arremedo ha