Meio de brincadeira, meio a sério, há dias tenho pensado no poder quase sobrenatural que a palavra “sofrência” projeta sobre quem a pronuncia e a escuta. É um vocábulo novo, mas já plenamente familiar para qualquer um que tenha andado de ônibus nos últimos dias. Quando o ouvi pela primeira vez, corri ao dicionário. O resultado foi este: “Nenhuma palavra encontrada”. Estranhei que tanta gente a conhecesse e, pior, a encaixasse no dia a dia com a desenvoltura de um Pasquale Cipro Neto. Pablo não é filósofo. Quer dizer, até onde pude avançar em sua biografia, disponível no site oficial do cantor, ele é o pai do “arrocha”, um ritmo baiano que, como qualquer ritmo surgido na Bahia, se espalhou pelo País como um ebola em forma de dó-ré-mi. Até aí, nenhuma novidade. Lendo um pouco mais, porém, intriguei-me com o seguinte: em sua obra, Pablo, “a voz romântica da nova geração”, propõe uma bricolage do romantismo com o suingue do axé. Tentei imaginar o cantor, cuja carreira começou ao
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)