Há dias me pergunto se coisar é uma coisa nossa, tipicamente cearense, como a vaia, a sandália do Espedito Seleiro ou a mania de calça jeans no shopping aos domingos. Se, nessa coisa de coisar, há mais coisas do que supõe nossa vã filosofia alencarina. E, sendo ou não uma coisa da terra, se há algo por trás desse cacoete de empregar uma coisa sem rosto nem contorno para dizer outra coisa que não sabemos, mas que todo mundo entende de cara. É uma coisa absurda. Lembro do palhaço Tiririca, que não sabia coisa com coisa antes de se eleger deputado e que, durante a campanha, prometia explicar como funcionava essa coisa da política no Brasil. Embora estivesse claro que Tiririca estava coisando com a nossa cara, ele foi eleito com milhões de votos. Uma coisa nunca antes vista. Quatro anos depois, entretanto, o palhaço continua coisando as suas coisas sem que ninguém se dê conta de como a coisa toda chegou a esse ponto. Mas Tiririca, um ardoroso defensor da coisa, não está sozinho. Há muito
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)