A Pfizer, muito carente, insistiu enquanto pode. Escreveu emails desesperados nos quais suplicava por uma palavra, qualquer que fosse, mas que o destinatário se dignasse a responder, do contrário quedaria doente sabe-se lá de que moléstia, ela previa. Mas do outro lado havia um interlocutor insensível para o que ela tivesse a dizer, de maneira que se passaram 30, 40, 50 mensagens, até chegar a 80, quando ela se convenceu de que bastava e deu tudo aquilo por encerrado: havia se cansado, não restava nada, era o fim. Quando ele finalmente a procurou, muitos meses depois, Pfizer já estava noutra, imunizada daquele vírus que a deixara como que cega para todo o corpo que não fosse o dele. A vida tinha se aberto, e ela agora passava de mão em mão, de braço em braço, no que era feliz, muito feliz. Com a Janssen foi pior. Jamais se prestou a qualquer resposta, simplesmente desapareceu, e ele sentiu na pele o que era abandono. Disse que viria, mas não veio, anunciou que chegaria, mas não chego
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)