Bom, se escritores realmente precisam viver para ter algo a dizer? SEI LÁ. Eu, que não sou totalmente escritor – sou jornalista que se vira nos trinta - digo mesmo quando não vivi. Quer dizer, mesmo sabendo que o que vivi está aquém dessa minha vontade. Precisamente: aquém da vontade de escrever. Entenderam? Vou desenhar: há essa coisa chamada vontade. E há o teclado, que faz barulhos agradáveis quando nos pomos a digitar incansavelmente. É gostoso ouvi-lo por dias e dias, noites e noites. Por fim, há a coisa a ser dita, que pode ser confusamente descrita como a mensagem. Há mensagens e não-mensagens. Comumente, as não-mensagens são tomadas como mensagens e vice-versa. Mas digo sempre incorreto. Perdão. Deixa pensar, deixa pensar. Dizer por dizer é bobagem. Tem que haver algo a ser dito, comunicado. Algo e não apenas palavras plasticamente postas no papel. Digo: não se trata tão somente de enfileirar palavras, construir frases belamente contorcidas, dar forma a qual
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)