Novidade da paisagem pandêmica, as transmissões ao vivo inauguraram uma nova maneira de se estar nu sem estar. Diluem fronteiras entre privado e público, instaurando essa zona cinzenta pela qual transitamos sem saber ao certo se vamos à paisana ou em modos de trabalho, se nos vestimos bem apenas da cintura para cima ou se nos metemos inteiramente em trajes de passeio, ainda que reconheçamos que os pés não hão de cruzar a soleira da porta. Essa confusão de registros tem criado embaraços de toda sorte. Disso resulta uma comunicação híbrida, sob chave doméstica e mais intimista? Cedo para dizer. Conversando com uma amiga jornalista habituada ao rádio, eis que me confidenciou que a audiência gosta de vê-la trabalhando, e não somente ouvi-la, e até vibra quando leva uma xícara de café à boca. Então é isso: como estamos afastados uns dos outros e qualquer contato físico é, desde agora, uma infração legal passível de detenção e um ato de desafio às autoridades sanitárias, o banal no
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)