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Mostrando postagens de agosto 30, 2022

Silêncio

  A gente se desacostumou com o ruído depois de dois anos de confinamento. Tudo parece estridência, todo lugar excessivamente barulhento, seja o som das caixas, seja o volume de uma conversa. Vídeos pipocando com carga sonora máxima nas telas de celular, projeções em jato de imagens que clareiam qualquer ambiente. Me pergunto se o alarido quase-histérico tem relação com essa mania do vídeo, uma telinha hipersensível a qual fazemos deslizar com a ponta dos dedos sem necessariamente reter a atenção, cenário renovado diante dos olhos como se por passe de mágica. Esse gesto movido a inércia e fastio é como uma pipoca mental que levamos aos olhos, alimento rotinizado da vida atravessada por hábitos recém-incorporados. Mesmo os filmes estão mais barulhentos, os desenhos de criança, as aulas de academia, os restaurantes, as escolas. Nada escapa a esse domínio do vídeo, nem uma reles receita de estrogonofe, que me remete não a um conjunto ordenado de porções, mas ao vídeo de alguém preparando