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Mostrando postagens de setembro 18, 2019

Entre as linhas de Elena Ferrante

Trecho do novo romance de Elena Ferrante seguido de breve comentário: “Dois anos antes de sair de casa, meu pai disse à minha mãe que eu era muito feia. A frase foi murmurada em voz baixa, no apartamento que meus pais, recém-casados, tinham comprado no Rione Alto, no topo da Via San Giacomo dei Capri. Tudo — os espaços de Nápoles, a luz azul de um fevereiro muito gelado, aquelas palavras – permaneceu estático. Mas eu escapei, e continuo escapando, dentro destas linhas que têm o intuito de me dar uma história, mas, no entanto, são nada, nada meu, nada que tenha realmente começado ou sido concluído: somente um nó emaranhado, e ninguém, nem mesmo ela que neste momento está escrevendo, sabe se contém o fio certo para uma história ou é meramente uma confusão ríspida de sofrimento, sem redenção”. O fragmento é curto, com menos de 800 caracteres, mas nele é possível enxergar as principais linhas de força da prosa de Elena Ferrante. Estão presentes aí a voz feminina em primeira