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Mostrando postagens de novembro 18, 2022

A pedra caída

  Tento apanhar o dia nas mãos. A filha sentada ao lado aguarda o fim, pergunta se já tenho um resultado, se terminei de trabalhar, faz cara de quem se contraria, em seguida finge dormir. Invento uma desculpa, digo que falta pouco, mas não falta nada. Tudo já feito e tudo já dito, nada feito e nada dito. Tento apanhar o dia, e não posso sequer pronunciá-lo. Não está a meu alcance inventariá-lo aqui, me deter na sua superfície, arrancar o dia à força e mostrá-lo a quem o queira ver, expor o dia e assim me sentir melhor porque é tão feio e agora não me pertence. Queria exibi-lo, dizer o que fosse. O dia pesado, essas horas todas durante as quais pensei em tocar no assunto, mas não disse nada. Calei porque não convém falar sobre o dia, ainda que me pertencesse não diria muito, mas não me pertence esse tempo. Depois andei à procura de livros naquele ambiente espaçoso e ultra-refrigerado de um lugar pelo qual não tenho simpatia, mas sem desejá-los de fato, sem querê-los realmente, o olhar s