Mas, claro: é possível que não compreenda inteiramente o que se passa entre nós. É possível não compreender plenamente um ao outro. É igualmente possível que, após tantos anos, nos pareçamos tão mutuamente estranhos quanto fomos no começo, quando, ali, parados na autorizada, checando eu a placa mãe do notebook e você o HD do PC da sua irmã, cada qual enredado em coisas particulares, histórias que teriam se desenrolado absolutamente paralelas, nos olhamos e decidimos em silêncio que seria. Não estou falando do acaso, da beleza das coisas arbitrárias. Estupidez, isso. Foi, não nego. Não nego que o tempo primaveril (a Marcinha iria adorar escutar isso) realmente pareceu eterno, as longas conversas, fantástico, os infinitos silêncios, enfim, todo esse começo repleto de belas imagens para guardar e de histórias que são ao cabo mera reprodução de uma via-crúcis atravessada indistintamente por qualquer pessoa que resolva amar. É natural, vejo assim, nada especial, friamente analisado... E
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)