Um mês depois. Um parágrafo curto, breve, que não diga nada, não aponte pra nada, não sugira nada nem embuta significações escondidas que depois serão interpretadas como charadas. Apenas o dito, cru. Um pedido de alegria por chuva ou descanso de vista, como esses de bicicletas que apoiam o peso inclinado. Um punhado de qualquer coisa reunida ao acaso da manhã de quarta-feira entre tanta coisa escrita e pensada como imprestável. Um começo do que não sabemos ainda. Um início de abismo em direção ao qual a gente se atira sem medo. E digo sem medo, mas tenho muito medo. Medo dia e noite. Medo na hora e depois. Medo de não enxergar o que está aqui. Hoje escrevi e me vi desconfiado do que escrevia, mas segui em frente, vendo dois passos adiante e já preventivamente corrigindo as rotas. Parece que tenho controle sobre o que ainda não veio. É mentira. Hoje é quarta, dois meses depois e não apenas um. Retomo aqui qualquer coisa que ficou pra trás. Talvez a
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)